Júlia se perdia em metáforas, se jogava do 16º andar todos os dias e caia em sua cama. Se levantava todos os dias e era perseguida por sua própria alma, levando consigo a falta de segurança e nada de amor próprio. Andava se escondendo entre os muros e árvores até que chegasse ao seu destinho, não tinha medo de nada, apenas de ser observada. Tinha 15 anos e ainda não aprendeu a amar.
A jovem não aceitava o fato de que passou sua juventude aprisionada em seu medo de ser notada, quando alguém a olhava por mais de cinco segundos ela já se sentia insegura. Ela vomitava quase todos os dias quando comia e depois de uns meses estava magra e mais bonita do que antes, ainda tinha medo de ser notada e aguentava os comentários das pessoas dizendo como ela estava bonita depois de emagrecer, mas ninguém sabia que não estava saudável e quase não conseguia ficar em pé. Ela tinha 18 anos e ainda não aprendeu a amar.
Sem foco para estudar ela se perdia no seu quarto chorando porque seu cérebro estava desnutrido pela falta de alimentos, seu corpo estava do jeito que ela queria, mas por dentro estava fraco que ela nem conseguia ter forças para vomitar, estava fraca e com sua imunidade mais baixa que valores negativos, estava pegando vários tipos de doenças. Foi internada com vários diagnósticos, sua mãe entrou em desespero. Ela tinha 20 anos e ainda não aprendeu a amar.
Ela conheceu amigos que sempre estavam juntos para se divertir, ela finalmente estava feliz, se alimentava melhor e cuidava para não engordar. Seus amigos se encontravam numa casa, com música alta e muitas drogas, ela ficava chapada o tempo todo e estava feliz, começou a parar de comer novamente porque nem lembrava disso e cada vez mais magra, mas ela se amava. Sua situação era grave, com os problemas que teve ela não havia entrado na faculdade, trabalhava por um salário pequeno e sempre se encontrava com os amigos. Ela tinha 23 anos e ainda não aprendeu a amar.
Namorava há dois anos com um garoto dos sonhos, mas ela não podia amá-lo, ele a amava incondicionalmente e pedia para que ela parasse de se encontrar com os amigos porque metade já estavam mortos ou presos, ela não dava ouvidos e ele terminou com ela. A garota ficou com raiva porque ela tinha o apoio dele para tudo e isso foi tirado dela, entrou em depressão e engordou quinze quilos, seu rosto estava seco e seus olhos tão fundos e cheio de olheiras, sua mãe faleceu e ela já não tinha mais ninguém, perdeu sua beleza e não queria ser vista novamente, estava sem drogas há alguns dias e aquilo estava matando ela. Ela tinha 25 anos e ainda não aprendeu a amar.
Enquanto voltava de um bar tarde da noite ela para em frente a um outdoor e está a seguinte propaganda "Você é a rainha da beleza, apenas está em lágrimas..." essa frase tomou conta de sua mente e ela começou a chorar, lembrou do tempo em que estava no colégio sentada num canto chorando e querendo se matar e quis voltar no tempo para levantar-se e mudar tudo, viu como era bonita e deixou o tempo passar e ser mal com sua mente e seu corpo. Agora está envelhecendo, sem família, sozinha e vivendo precariamente, aquela garota inteligente do colégio era irreconhecível agora. Ela tinha 28 anos e ainda não aprendeu a amar.
Os dias passavam devagar e ela tinha notícia dos amigos ganhando seus filhos, saindo do país e tendo suas vidas maravilhosas, enquanto ela estava tão acabada dentro de sua pequena casa que só queria voltar e aprender a amar, ela se olha no espelho e vê que os anos em que ela lutava para ser magra e bonita foram em vão, ela estava velha e com um cigarro na mão, seu pulmão já nem aguentava respirar direito. Ela morreu em seu quarto com 30 anos e nunca aprendeu a amar.
1 Comentário:
Que forte esse texto, mas muito inspirador, nos leva a pensar o que estamos fazendo com a nossa vida realmente vale a pena?
Desajustada Blog
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